quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Poema para um gauchito desgarrado

O 20 de setembro é uma data especial para todos os gaúchos. Para os que estão desaquerenciados esse dia assume uma importância ainda maior: longe dos pagos, o gaúcho sente que algo lhe falta e sente ainda mais forte suas raízes haraganas.

Meu primeiro filho nasceu longe do Rio Grande, mas é um gauchito loco de especial. E hoje, por ocasião da data, compartilho aqui o poema que fiz pra ele, lembrando sua gênese farroupilha:


Dois anos











Dois anos, filho, da tua chegada
Um tempo tão pouco e já é tanto
De sorrisos, carinhos e prantos
De uma vida já tão amada

Dois anos de uma alegria imensa
De um amor forte e abençoado,
Grande como o céu do Cerrado
Que é nosso teto e nossa querência
São tantas coisas para contar,
De noites insones ou mansas,
De dentes, risos e danças
Neste campo aberto das lembranças
Dois anos e já te fez guapo,
Piá mui vivaracho de papo,
Gauchito redomão e arteiro,
Um filho mui querido e companheiro
E mesmo que esteja longe dos pagos, 
Longe dos avós e dos afagos,
E que esse tempo já pareça tanto
És pampeano, meu filho, te garanto
Não que o gaúcho seja santo, 
Mas se afasta do pago a muito custo
E tenta esconder um sincero pranto,
Porque ser gaúcho é ser justo
E por isso te lembro as raízes,
Para conheceres as matrizes,
Pois são dois anos e já é tanto,
Mas és pampeano, te garanto.

É o sangue gaúcho que corre em tuas veias
De guerras, batalhas, peleias,
De uma estirpe nobre que cultiva a memória
De um passado, de uma cultura, de uma história
És mais um gaúcho desgarrado
Pela imensidão clareada do cerrado,
De um horizonte que às vezes lembra,
O nosso campo, solo sagrado.
Aqui nasceste, na linda Brasília,
Para alguns porto, para outros ilha
Mas mesmo assim te lembraria
Que tua gênese é haragana, farroupilha


Por isso meu filho, não te esqueças
Ainda que por aqui cresças,
Que a distância do pago seque o pranto,
Que o tempo se torne acalanto,
Que o amargo amigo esteja de canto,
E que não vejas o sagrado manto
E ainda que o tempo seja tanto...
És pampeano, meu filho, eu te garanto!


E para completar, um belo hino de louvor a "los gauchos" - O Grito dos Livres: